Na madrugada da última quinta-feira (24), tropas russas, comandadas por Vladimir Putin, invadiram o território ucraniano e colocaram um alerta vermelho por todo o continente europeu e para todo o globo, seja pela ameaça de um conflito maior que envolva outras nações, seja pelos impactos que serão gerados mundo a fora quase que imediatamente.
Após dois anos temerosos e cheios de incertezas por conta da pandemia de Covid-19, víamos uma luz no fim do túnel, com uma chance de termos de volta o estilo de vida anterior, além da lenta, mas contínua, retomada da economia. No entanto, como aponta o levantamento Sondagem da América Latina, divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o conflito eslavo pode agravar a situação financeira global e trazer impactos ainda mais intensos para o Brasil.
Com a crise na Ucrânia, o preço internacional do petróleo chegou a US$ 105, maior valor desde 2014. Com o aumento no preço do barril de petróleo, já é esperado que haja aumento também na inflação, pois o produto é matéria-prima de combustíveis, além de ser altamente usado para produção de plásticos, entre outros. Logo, haverá um grande impacto, não somente na indústria, mas também na população de modo geral, que já enfrenta maus bocados por conta do avanço do índice inflacionário no Brasil.
Menos falado, mas igualmente importante, o gás natural também será fortemente afetado pelo conflito. Usado no Brasil como abastecimento para usinas termelétricas, usadas para geração de energia para o setor da indústria e como reserva em caso de crise energética no país. Atualmente, a Rússia é a maior produtora do gás natural, o que pode elevar muito o valor de compra do material. O diretor de Refino e Gás Natural da Petrobrás, Rodrigo Costa, afirmou em uma entrevista coletiva que o valor pode chegar aos US $30, o que pode prejudicar o andamento das atividades em território nacional.
Outro segmento que pode ser duramente afetado é o de alimentação. Com a seca na Argentina, o Brasil tem procurado outros fornecedores de grãos. O grande problema é que a Rússia e a Ucrânia estão entre os maiores produtores do material. Além disso, cerca de 20% dos fertilizantes usados por agricultores brasileiros são fornecidos pelos russos. Com o fornecimento de dois itens essenciais, o setor já se mostra temeroso pelos próximos meses e o desdobramento da crise.
Por fim, o mercado financeiro mundial pode, a longo prazo, passar por crises que irão afetar profundamente a economia brasileira. O preço do dólar tem a tendência de crescer com a continuidade do conflito, o que pode obrigar o Banco Central a aumentar a taxa Selic, que diz respeito aos juros básicos da economia.
Além dos danos econômicos, a guerra traz consigo apreensões a todos. O mundo vivenciou o trauma da pandemia de Covid-19 que trouxe consigo muito mais que só uma doença, mas morte, desemprego e ansiedade para todos. Nesse momento, devemos estar solidários às vítimas da invasão de Putin e nos preparar para os impactos que a luta pela liberdade dos ucranianos.
